segunda-feira, 10 de março de 2008

Seriedade, Imagem e Respeito

O que nos faz singulares? Acredito que seja uma manifestação criativa, original e que apresente nossa cultura.

O que faz dos brasileiros um povo singular? Carnaval? Samba? Violência? Favela? Malandragem?

Porque será que vendemos essa imagem para o exterior? Será que é essa imagem que queremos ver estampada para os estrangeiros? Não seria um interesse específico para manutenção dessa imagem para exploração do trabalhador e enriquecimento de classes abastadas? Será que contribuímos para a venda dessa imagem quando aceitamos a discriminação das autoridades para com a população? Não seria a imagem de irresponsáveis que transmitimos quando lidamos com um determinado público?

Onde quero chegar com todas essas perguntas? Quero fomentar uma discussão acerca da forma que vendemos nossa imagem e nos comportamos perante as situações do cotidiano.

Lido com estrangeiros diariamente, e percebo que determinadas atitudes, posturas e relações que transmitimos a essa clientela chega a ser ridícula. Vejo pessoas falarem obscenidades ou gargalharem perturbadoramente ante um estrangeiro, que geralmente tem fama de ser frio e calculista. Não é questão de ser frio ou calculista, mas sim ter uma postura ante determinadas situações que os torna diferentes da gente. O ponto é tratar como coisa séria a imagem para que você não seja ridicularizado perante as demais culturas. Num filme chamado "Ikiru" do cineasta japonês Akira Kurosawa existe uma cena que é ambientada numa repartição pública. Os trabalhadores dessa seção estão concentrados em suas atividades quando um dos funcionários lê uma carta e faz uma piada, sendo repreendida em seguida por um de seus colegas. Para eles, assim como para muitas outras culturas, durante o trabalho, não existem motivos para que se façam piadas, pois as atividades desempenhadas durante o horário de expediente são calculadas e sistematizadas. A nossa parada para o "cafézinho" chega a ser ridícula para eles, que classificam isso como "perda de tempo".

Se queremos copiar tudo o que os estrangeiros fazem, copiemos então essa seriedade, quem sabe esse seja um passo em direção ao respeito e nossa imagem fora do Brasil seja de um povo sério engajado na construção de uma sociedade justa. Não creio que isso seja uma cópia pura e simples, mas sim uma postura de respeito para conosco e com o objeto de nossas ações.

Эрич

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